UNIFEB debate violência psicológica: o silêncio que adoece milhões de brasileiros
Este importante tema é
discutido amplamente durante o curso de Psicologia do Centro Universitário
A violência psicológica é uma das formas mais silenciosas e devastadoras de agressão, atingindo milhões de pessoas em todo o Brasil. Para discutir esse tema e seus impactos na saúde mental, o UNIFEB entrevistou a coordenadora do curso de Psicologia, Prof. Dra. Débora Nogueira Tomas, que explicou como identificar, prevenir e combater esse tipo de violência.
Segundo a professora, a violência psicológica é qualquer
ato, atitude ou comportamento que cause dano emocional, diminuição da
autoestima, controle ou manipulação da vítima. “Ela pode se manifestar por meio
de humilhações, ameaças, críticas constantes, isolamento, chantagens,
intimidações, ridicularização e tentativas de controlar pensamentos e decisões.
Muitas vezes, ocorre de forma velada, o que torna difícil para a vítima
perceber que está em uma relação abusiva. A Lei Maria da Penha (Lei nº
11.340/2006) define esse tipo de violência como qualquer conduta que prejudique
e perturbe o pleno desenvolvimento da vítima, visando degradar ou controlar
suas ações, comportamentos, crenças e decisões. Estudos indicam que ela
frequentemente ocorre em relacionamentos íntimos e familiares, mas também em
ambientes de trabalho e escolares”, enfatiza.
Débora ressalta que identificar a violência psicológica não
é simples, já que, diferente da física, ela não deixa marcas visíveis, mas
corrói silenciosamente a autoestima, a confiança e o equilíbrio emocional da
vítima. “Muitas vezes, a pessoa chega aos serviços de saúde com outras queixas,
como sintomas depressivos e ansiosos, o que exige preparo e sensibilidade dos
profissionais para perceber os sinais. Entre eles, estão as constantes
desqualificações verbais, o controle excessivo da vida da vítima, ameaças
explícitas ou veladas, isolamento social e manipulação emocional por meio de
sentimentos de culpa ou obrigação exagerada de agradar o agressor”, disse.
A professora cita ainda dados da Pesquisa Nacional de Saúde
(IBGE, 2019), que estimou que 17,4% da população, o equivalente a 27,6 milhões
de pessoas, sofreram violência psicológica nos 12 meses anteriores à pesquisa,
sendo a mais prevalente entre todas as formas de violência, correspondendo a
95% dos casos relatados. “As principais vítimas são mulheres, pessoas pretas e
pardas e indivíduos de baixa renda. Quando se trata especificamente da
violência contra a mulher, o dado é ainda mais alarmante: estima-se que 98% dos
casos não são notificados”, alerta.
Sobre os impactos, Débora afirma que os efeitos da violência
psicológica podem ser devastadores e de longa duração. “Entre eles estão o
desenvolvimento de transtornos de ansiedade e depressão, baixa autoestima,
dificuldades de concentração, queda no desempenho em atividades cotidianas,
isolamento social e até ideação suicida”, aponta.
Segundo a professora Débora, nesse contexto, o papel da rede
de apoio é fundamental. “É importante ouvir sem julgamentos, validar os
sentimentos da vítima e não naturalizar comentários depreciativos que possam
parecer uma brincadeira. Acolher com paciência, reforçar a autoestima e
respeitar o tempo da vítima em buscar ajuda ou denunciar são atitudes
essenciais para familiares, amigos e colegas que desejam contribuir de forma
positiva”, reforça.
A Psicologia, segundo a docente, também é uma grande aliada
no enfrentamento desse tipo de violência. “Profissionais da área devem estar
atentos para identificar sinais de violência em pacientes que, muitas vezes,
manifestam apenas sintomas de ansiedade e depressão. Além de ajudar a vítima a
reconhecer a violência e romper ciclos de abuso, a Psicologia pode atuar na
reconstrução da autoestima e da autonomia. Outra contribuição importante é
promover ações educativas em diferentes contextos sociais, como escolas,
centros comunitários, hospitais e instituições, por meio de palestras, rodas de
conversa e oficinas. A área também tem um papel estratégico na constituição e
fortalecimento de políticas públicas, participando de conselhos e reforçando
como a violência deixa marcas profundas na subjetividade humana e demanda
mudanças nas estruturas sociais”, explica.
Para as vítimas de violência psicológica, Débora lembra que
existem canais de apoio e denúncia, como “o Disque 180 – Central de Atendimento
à Mulher, o Disque 100 – para denúncias de violações de direitos humanos, além
das Delegacias de Defesa da Mulher, Defensorias Públicas, Ministérios Públicos
e serviços de assistência social, como CRAS e CREAS.” A coordenadora ainda
lembra que este importante tema é amplamente discutido durante o curso de
Psicologia oferecido pelo UNIFEB, amplificando a importância de políticas
públicas e ações em prol do assunto.